Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens de setembro, 2010

“Bolsa Família” tornou-se imprescindível. Ou não?

Os três principais candidatos à presidência da República disseram que pretendem manter ou ampliar o programa “Bolsa Família”, caso sejam eleitos. Em 2006, o PSDB e o finado PFL (atual DEM) torpedearam o programa no período eleitoral e, a partir de 2007, mudaram os discursos de olho nas eleições 2010. Zé Serra, o candidato da direita conservadora no Brasil, até se irrita quando perguntam se ele pretende extinguir o programa. Promete inclusive criar uma bonificação de final de ano – uma espécie de 13º salário, conforme observam alguns desavisados –, embora sua mulher, Mônica Serra, tenha chamado o programa de “bolsa vagabundagem” em entrevista recente. Dilma Rousseff – por representar o mandato que ampliou o programa – e Marina Silva – por possuir uma maior identidade com os movimentos sociais e com a população mais pobre – não tem sido postas em xeque com a freqüência com que Zé Serra é questionado. Os questionamentos, aliás, são absolutamente pertinentes, já que o tucano participou

Uma cidade com nível fundamental

  Praticamente todos os principais candidatos ao governo da Bahia prometeram alguma coisa para a Feira de Santana com o objetivo de atrair o eleitorado local. Uma delas é a reativação do aeroporto, que há décadas figura como “elefante branco” no Santo Antônio dos Prazeres, na periferia da cidade. Mas há mais promessas: o chamado pólo logístico, a duplicação do Anel de Contorno, um estádio para o Fluminense de Feira mandar seus jogos e até mesmo a construção de um novo hospital para substituir o Clériston Andrade. Deve haver outras promessas, das quais não consigo recordar. Apesar dos diversos matizes ideológicos envolvidos, com governo e oposição se engalfinhando, todas guardam pelo menos uma semelhança: são obras, ou “grandes obras”, como se dizia no passado. São concretas, palpáveis, possuem materialidade: podem ser facilmente invocadas à memória do eleitor, caso sejam efetivadas. “Fulano construiu tantos hospitais”, “beltrano recuperou não-sei-quantas estradas”, “sicrano constru

Diáspora afunda candidatura de Zé Serra

  Quando os sisudos senhores de cabelos loiros e olhos azuis, encastelados nos confortáveis gabinetes dos organismos internacionais, olham com desdém para aqueles que eles consideram bárbaros que habitam o sul da linha do equador nem sempre o fazem sem alguma razão. No caso brasileiro, o pouco apreço que ainda se tem pela democracia e pelas eleições limpas reforça o preconceito. Afinal, nos países onde a democracia é mais madura quem perde uma eleição – ou está em vias de perdê-la – comporta-se de maneira civilizada e não costuma recorrer ao “tapetão” para tentar ganhar na marra. Zé Serra, já no ápice do desespero, aproveitou como pôde os “factóides” maciçamente amplificados pela imprensa alinhada com sua candidatura. Fez uns programas chorosos no horário eleitoral e martelou diariamente o episódio do vazamento de informações da Receita Federal, deixando inteiramente de lado qualquer discussão sobre o processo político. Pesquisas posteriores aos “factóides”, no entanto, não refletir

Novidades no varejo, mas tudo na mesma no atacado

Certamente o leitor desta Tribuna deve estar enfadado com o noticiário repetitivo e previsível sobre o horário eleitoral. Mas, embora me exponha ao risco de não ser lido – já que abordarei, mais uma vez, a campanha em andamento – aproveito para compartilhar algumas observações feitas de passagem em programas esparsos. A primeira observação é que a baixaria de fato está apenas começando. Contrariando a canção de Beto Guedes, quando entrar setembro a boa nova não vai andar nos campos, mas sim a baixaria no horário eleitoral. Pelo menos neste 2010, cujo setembro, a propósito, já começou. À medida que os discursos e as promessas se tornam ineficazes e alguns candidatos disparam, os potenciais perdedores apelam e apelam feio. Nesse compasso “factóides” são criados, a imprensa alinhada amplifica e “levanta a bola” para as eventuais vítimas – que são candidatos mal-cotados – chutarem com calculada indignação. Todo dia surge vazamento de sigilo fiscal, imediatamente associado à campanha el

Lula é o principal avalista da própria sucessão

Impressionante o papel que vem sendo desempenhado pelo presidente Luís Inácio Lula da Silva nas eleições de 2010. Certamente “nunca antes na história deste país”, pelo menos do Brasil pós-1985, um presidente da República deixou o poder com popularidade. Com a popularidade que Lula alcançou, então, nem se fala. João Figueiredo, o último dos ditadores militares, saiu pela porta dos fundos pedindo que o esquecessem. Zé Sarney saiu em meio ao caos inflacionário e à anarquia do seu mandato. Collor saiu através de impeachment e dispensa comentários e Fernando Henrique Cardoso saiu da presidência após uma eleição em que todos os candidatos renegavam seu legado. Quem mais se aproximou foi Itamar Franco, que assumiu com a renúncia de Fernando Collor. Saiu com certa popularidade devido ao lançamento do Plano Real, mas seu cacife eleitoral logo se esgotou e, certamente, jamais exerceu a influência natural a um ex-presidente da República bem avaliado. Nas eleições de 2010 Lula “é o cara”, como

Propaganda eleitoral na era digital

  No ar desde a terça-feira, o horário eleitoral nas emissoras de rádio e de televisão oferece ao eleitor a oportunidade de consolidar decisões já tomadas, esclarecer dúvidas e, para quem decide sem tanta pressa, escolher candidatos. Da presidência da República às assembleias legislativas, muita gente vai desfilar nas ondas do rádio ou nas imagens da tevê requisitando o apoio do eleitor na forma do voto. Com o pedido virão também incontáveis promessas e declarações de intenções. O rádio e a tevê, no entanto, já não são tão decisivos como no passado, quando não havia Internet. Hoje os brasileiros interligados à rede podem reforçar as opções que aparecem na tevê com uma consulta ao site do candidato, a reportagens sobre sua trajetória política ou, até mesmo, saber se o cidadão tem pendências com a justiça. Tudo ao alcance de alguns cliques. Caso seja mais meticuloso, o eleitor pode comparar propostas, tirar dúvidas sobre realizações dos governantes e refletir sobre o discurso de cada

O debate mais apropriado sobre segurança pública

Tem quem fale que o grande tema das eleições estaduais na Bahia em 2010 é a segurança pública. De fato, há muitos anos morre muita gente no estado. Grande parte da violência sem dúvida cresceu em função do tráfico de drogas, que se expandiu sem que os governantes tomassem qualquer atitude. Quando alguém reclamava, era desqualificado: tratavam-no de “esquerdista”, “do contra”, movido por interesses eleitorais, etc. No mérito da questão, ninguém entrava: no máximo atribuía-se a responsabilidade ao governo federal ou simplesmente pairava um silêncio eloquente. Hoje a segurança pública – quem diria – virou mote de campanha de candidato a governador. Aliás, em alguns casos, parece que constitui a única proposta de governo: o mais se arranja pelo meio do caminho, como sempre se fez na Bahia. Educação, saúde, emprego e renda tornaram-se temas secundários diante do filão da segurança pública. O tosco viés eleitoreiro da questão implica em dois erros: um de diagnóstico e outro de método. O

Feira para além da Copa de 2014

Com a realização da Copa do Mundo de 2014 como fato consumado no Brasil – com Salvador tendendo a assumir a condição de uma das mais importantes cidades-sede, pelo seu conjunto de atrativos – é chegado o momento da Feira de Santana tentar beneficiar-se com a competição. A recente discussão acerca da reativação do aeroporto como alternativa para o deslocamento de torcedores é muito oportuna. Afinal, na prática o aeroporto feirense nunca funcionou: no máximo, aqui pousavam os governadores em visita ao município ou algum empresário em aeronave particular. No mais, seguiu sempre na condição de “elefante branco”. Em texto anterior ressaltamos a necessidade da Bahia aproveitar a Copa do Mundo para consolidar-se como alternativa turística com um conjunto complementar de atrativos e – sobretudo – investir na população, qualificando-a e tornando permanentes os efeitos positivos de uma competição passageira, mas de grande visibilidade. Feira de Santana encaixa-se no contexto à medida que a int