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Mostrando postagens de fevereiro, 2011

Efeitos do salário-mínimo sobre a economia feirense

Depois de muita polêmica, foi enfim aprovado na semana passada o valor do novo salário-mínimo, fixado em R$ 545. Para além de toda as divergências decorrentes do percentual a ser aplicado, o mais importante foi o fato que, enfim, o Brasil começar a ter uma política consistente e previsível de reajuste, com vigência programada para pelo menos quatro anos. Mais do que uma sinalização de clareza em relação às contas públicas para o próximo quadriênio, a adoção da regra facilita a vida do trabalhador e permite aos empresários programar investimentos e projetar a contratação de mão-de-obra. Nos estados e municípios mais ricos o salário-mínimo não constitui uma referência muito utilizada, já que normalmente se paga mais aos trabalhadores. Os trabalhadores mais qualificados, por sua vez, dispõem de renda mais elevada e não necessariamente utilizam o salário-mínimo como referência em negociações salariais. O salário-mínimo, no entanto, constitui referência importante – e em muitos casos única

A cultura viva dos alto-falantes

                                     Provavelmente lá por meados dos anos 1940, quando a comunicação vivia uma fase revolucionária com a ampliação das emissões radiofônicas, é que devem ter surgido os primeiros alto-falantes nas feiras-livres do Nordeste. Além do presumível espanto causado numa população pouco afeita à tecnologia que surgia avassaladora, com certeza os alto-falantes mostraram-se, desde o início, uma excelente e barata alternativa para divulgação de produtos e serviços.             O fato é que a moda pegou e, ainda hoje, mesmo com o incessante burburinho característico de comerciantes e consumidores, soa estranhamente silenciosa qualquer feira-livre em que não se recorra aos inconfundíveis e onipresentes alto-falantes. Pendurados em postes ou mastros improvisados, com fios emaranhados, incorporaram-se em definitivo à cultura dos mercados nordestinos.             Estão presentes no Centro de Abastecimento da Feira de Santana – tocando músicas, anunciando produtos, m

À sombra dos viadutos

                        Londrina é um município no norte do Paraná, quase na divisa com São Paulo. Aos domingos, no centro da cidade, é montada uma feira-livre nas proximidades de um cemitério. No início da manhã há um incessante ir-e-vir de consumidores com sacolas coloridas, mesmo nos dias frios de inverno. Lá pelo meio da manhã o movimento começa a declinar e, no início da tarde, praticamente não há comerciantes no local. A grande – e grata – surpresa para um eventual visitante que tenha partido da Feira de Santana, por exemplo, é a constatação de que não há lixo espalhado pela rua.             A feira-livre no centro da cidade paranaense oferece os mesmos produtos de qualquer entreposto nordestino: há tomate, repolho, batata, maçãs e uvas. A diferença fundamental é que os produtos são manuseados com um asseio disciplinado, inclusive sendo oferecidos aos consumidores já embalados em plástico transparente. Folhas descartadas e frutos estragados não são jogados de forma disp

Verdades, meias-verdades e inverdades na Internet

                             É chover no molhado afirmar que a Internet provocou uma revolução na vida das pessoas desde meados da década de 1990. Essa revolução, a propósito, permanece em curso, já que a rede virtual aprofunda e amplifica relações, que vão desde a prosaica aquisição e um produto qualquer – praticamente já se vende de tudo na Internet – até o início e consolidação de relacionamentos amorosos, passando pelo acesso cômodo e rápido a serviços diversos e até à banal busca por informações. Estatísticas que divulgam o tempo que as pessoas passam em frente ao computador ou a ampliação do acesso pelo conjunto da população reforçam as evidências.             Muitos segmentos foram fortemente afetados pelo surgimento da rede. Entre eles está o jornalismo. Quando comecei na imprensa em 1995, os papeis ainda eram razoavelmente estanques: jornais impressos de um lado, emissoras de rádio do outro e as emissoras de tevê pairando, onipotentes, sobre o universo da comunicação. A