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Mostrando postagens de novembro, 2014

Trovoadas e políticas públicas para o semiárido

Chuvas torrenciais desabaram sobre diversas regiões da Bahia ao longo dos últimos dias. Os efeitos foram conferidos nas imagens de tevê e circularam pela Internet: ruas e avenidas alagadas interior afora, rios transbordando, moradores desabrigados, carros arrastados pela força das águas e, em Brumado, no Sudoeste, uma barragem transbordou, extravasando uma volumosa torrente, que escorreu furiosa, assustando os moradores. Precipitações pluviométricas mais intensas, nesse período, são comuns: no sertão, as chuvas mais fartas costumam desabar entre outubro e fevereiro. Há regiões, no entanto, em que a natureza é mais avara: na microrregião de Guanambi e Caetité, por exemplo, caso não chova entre outubro e novembro – como ocorreu – as dificuldades tornam-se maiores, já que as precipitações posteriores são raras e menos intensas. As chuvas dos últimos dias, que tem, inclusive, uma classificação pomposa – Zona de Convergência do Atlântico Sul – tendem a atenuar os rigorosos efei

Feira também pode ter a sua Ceasinha...

Demorou décadas, mas finalmente Salvador ganhou um entreposto à altura da secular tradição das feiras-livres da Bahia: a famosa Ceasinha do Rio Vermelho, inteiramente reformada e entregue à população há alguns meses. Apesar dos percalços inevitáveis que marcaram o andamento da obra, provocando reclamações de comerciantes e usuários, em função do desconforto e dos prejuízos, o espaço figura no mesmo nível de mercados afamados existentes em grandes metrópoles brasileiras, como Belo Horizonte, Porto Alegre e São Paulo, para mencionar apenas os principais. Com a reforma, os padrões básicos de higiene e limpeza passaram a ser atendidos: quem for comprar carne encontrará o produto disponível em balcões refrigerados, com atendentes limpos. As frutas são encontradas em embalagens cômodas, à vista dos clientes. E produtos típicos da culinária baiana, como o azeite de dendê, a castanha e o quiabo são comercializados em espaços organizados. Os novos boxes apresentam, também, um aspec

A Mulher e o mercado de trabalho em Feira

                              É grande o desafio para melhorar as condições no mercado de trabalho feminino em Feira de Santana. O que, diga-se de passagem, não difere muito daquilo que se verifica também na Bahia e, mais amplamente, no próprio Brasil. Baixa remuneração, longas jornadas, condições inadequadas de trabalho e problemas como o assédio moral ou sexual são constantemente denunciados. Essas adversidades também fazem parte do universo masculino no mercado de trabalho, mas são mais intensas junto a elas.                 No município, um dos principais problemas é o próprio acesso ao marcado formal de trabalho: enquanto os homens absorvem 76,3 mil postos na Feira de Santana, elas ficam com apenas 48,2 mil. Esses dados são do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), referentes aos 12 meses de 2013 e podem ser conferidos no site do próprio ministério.                 As mulheres são maioria como vendedoras no comércio varejista (5 mil contra 4,3 mil homens) e na função d

Será que vale a pena flertar com o arbítrio?

Podemos afirmar, sem hesitação, que a democracia brasileira vive o seu momento mais delicado desde que os generais-presidentes transmitiram o poder aos civis, após 21 anos de Ditadura Militar, em 1985. A disposição de certos segmentos mais radicalizados de desalojar o Partido dos Trabalhadores do comando do País, de qualquer maneira, não arrefeceu nem após a confirmação da reeleição de Dilma Rousseff (PT) para a presidência, no segundo turno, realizado no domingo (26). Desde então, há quem pregue, abertamente, um Golpe Militar como solução. Sugestão do gênero circula pelas redes sociais, inclusive com patéticos pedidos de intervenção das Forças Armadas para que “salve o País”, “restabeleça a ordem”, entre outras sandices do gênero. Esse empenho por uma intervenção militar, a propósito, foi ensaiado há meses, em abril, quando o golpe de 1964 completou 50 anos. Mas, na ocasião, não reuniu nada além de meia-dúzia de excêntricos em algumas capitais brasileiras. Outros, mais t

Dois projetos e uma eleição

               Neste domingo chega ao final a mais acirrada disputa presidencial desde o restabelecimento das eleições presidenciais no Brasil, no já distante ano de 1989. Oficialmente, a campanha começou no mês de julho, ainda com a Copa do Mundo em curso nos estádios brasileiros. Mas, na prática, a disputa estava em ebulição desde as jornadas de junho de 2013, ganhando mais clareza com as definições das principais candidaturas, há pelo menos um ano.                 O nível de exposição dos candidatos na imprensa, o tom beligerante que marcou o embate e a indisfarçável sanha da chamada “grande mídia” de desalojar os petistas do poder, manobrando o noticiário ao sabor das suas conveniências eleitorais e em proveito dos seus favoritos, exauriu o eleitorado. Em alguns casos, mais que enfado, provocou repulsa e indignação.                 Vença quem vencer no domingo, espera-se que os ânimos serenem. Cabe ao vencedor – Dilma Rousseff (PT) ou Aécio Neves (PSDB) – conduzir a pa