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Mostrando postagens de agosto, 2015

Transporte coletivo entra em colapso

O que já era descalabro há tempos enfim desembestou para o colapso nos últimos dias: Feira de Santana parou junto com os ônibus que ficaram estacionados nas garagens das empresas ao longo dos últimos dias. Nos pontos apinhados, a população se viu à mercê dos preços exorbitantes cobrados por táxis, moto-taxistas, vans do sistema complementar e mais uma infinidade de veículos particulares que ingressaram no transporte clandestino à cata de lucros astronômicos. O acúmulo de pequenos transtornos pessoais desaguou na paralisia quase generalizada da cidade: pacientes perderam suas consultas, estudantes deixaram de ir à escola, negócios foram adiados, compromissos foram remarcados e, quem pôde, sustou qualquer deslocamento: não valia a pena aventurar-se no caos. O baque sobre a economia feirense, já embaraçada por conta da feroz recessão que assombra o País desde o início de janeiro, é significativo. Acostumado à tarifa elevada, aos veículos sujos e malcheirosos, às constantes quebra

A efervescente cultura juvenil na Feira de Santana

                          Há tempos acompanho com atenção um movimento interessante na Feira de Santana: uma crescente efervescência cultural que mobiliza a cidade e que, aos poucos, vai ganhando espaço, sobretudo nas novas mídias que constituem as principais referências da garotada. Mais animador, pelo que percebo, é a faixa etária de quem se engaja nesse movimento: gente recém-saída da adolescência ou que, em muitos casos, apenas ingressou na terceira década de vida. É alentadora essa mobilização: durante muito tempo, a vida cultural do município permaneceu árida, apenas eventualmente sacolejada por uns poucos entusiastas.             À primeira vista, dois fenômenos parecem ter contribuído para esse movimento: por um lado, a já mencionada revolução digital, que ampliou as plataformas de comunicação, assegurando maior visibilidade, com custos sensivelmente menores. Noutros tempos, os custos de produção – mesmo em estruturas amadoras – desencorajavam quaisquer iniciativas, sobret

Efeitos da crise sobre a Feira de Santana

                                  As crises gêmeas – econômica e política – que afligem o brasileiro nesse amargo 2015 vão, aos poucos, se tornando enfadonhas. Sobretudo em relação às análises: à medida que vão faltando fatos novos, os cronistas começam a se repetir, apontando aspectos que, na véspera, foram esmiuçados por alguém. Outros se limitam a torcer por um dos lados – à moda das gincanas – apostando na retórica arrebatadora para compensar a originalidade escassa. Os mais experientes – e honestos – mostram-se pasmos com a extensão do quiproquó e, principalmente, com sua natureza ímpar, que não permite recorrer às mesmas saídas do passado.                 O brasileiro médio pouco se dedica à exaustiva leitura das análises políticas. Mesmo os analistas da tevê despertam pouca atenção: em geral, o noticiário soa esotérico, quase incompreensível. E o volume de informações disponível é excessivo para quem costuma forjar suas opiniões com base no senso comum. Deriva dessa dis

Feira também tem suas crises gêmeas

                                 Pelo andar da carruagem, 2015 vai figurar na História do Brasil como o ano das crises gêmeas: por um lado, uma crise econômica, de graves efeitos sobre a vida dos brasileiros – sobretudo os mais pobres – e uma imprevisível crise política, que vem despertando inclusive humores autoritários, dignos de alarmar os democratas mais otimistas. É o que reverbera, todos os dias, no noticiário. Essas crises, a propósito, começaram em meados de 2014 e, pelo que se vê, se alimentam mutuamente e prometem se estender ao longo dos próximos meses – a crise econômica, particularmente, será ainda mais extensa – com resultados ainda imprevisíveis.                 O fato é que a palavra “crise” incorporou-se ao vocabulário do brasileiro médio, que andava desacostumado da expressão, depois de um intervalo relativamente longo de crescimento econômico e de estabilidade institucional. O que virá pela frente habita o insondável, até mesmo para os mais intrépidos adivinho

As sombrias perspectivas políticas para o Brasil

                                 Nuvens densas encobrem o Brasil. Vendavais nefastos varrem o País de norte a sul, assanhando a poeira tóxica do passado, que hibernava. O ar torna-se, paulatinamente, mais pesado, mais pestilento, visivelmente irrespirável.  Sombras densas, ameaçadoras, afastam a luz do sol, tangem quaisquer resquícios de luz. Tempestades insinuam-se, tornando ainda mais deprimentes as expectativas em relação aos próximos dias. Há riscos de enchente e inundação e o iminente refluxo dos esgotos assusta a população.                 Assim, caricata, essa previsão do tempo resume bem o cenário que se desenha para o Brasil na quadra vindoura. Sobretudo depois que o presidente do Senado, Renan Calheiros, e o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, ambos do PMDB, uniram-se a José Sarney – também do PMDB – para sacar da algibeira uma proposta de parlamentarismo para “salvar” a democracia e “assegurar” a estabilidade institucional do País, ameaçada pelo impeachment da preside

A obscura emergência do fundamentalismo evangélico

                                            Alguns pensadores com inclinações positivistas tendem a enxergar as sociedades humanas como fadadas ao progresso constante. Traçaríamos, sob essa perspectiva, uma imaginária espiral ascendente, sempre galgando patamares superiores àqueles do passado. Alguns avanços, efetivamente, são indiscutíveis: ninguém, com juízo ou sem mínimas inclinações excêntricas, renunciaria ao conforto de uma lâmpada elétrica para viver sob a luz de um candeeiro fumacento. Ou à comodidade de um banho em chuveiro elétrico para ferver água em caldeirão numa fogueira.                 Mas, embora os avanços tecnológicos tendam a ser consensuais, a vida é constituída por múltiplos matizes. Aqui, a superação de um determinado obstáculo, lá adiante, vai ensejar o surgimento de um problema que, acolá, exigirá consideráveis esforços para ser vencido. Esse é o lado fascinante das sociedades humanas e da própria vida.                 Até aí os positivistas podem reiv

Empregos na Construção Civil encolhem em Feira

                                 Os primeiros quatro meses do ano foram muito duros para o trabalhador brasileiro. Na Feira de Santana não foi diferente: depois de longos anos de relativa prosperidade, com a geração de postos de trabalho em franca ascensão, no primeiro quadrimestre de 2015 – período entre janeiro e abril – a situação foi bem diferente. Houve retração no número de empregos formais: o saldo entre admissões e demissões foi negativo em exatos 1.311 oportunidades. No intervalo, ocorreram 16.085 contratações e 17.396 trabalhadores foram dispensados.                 A retração atingiu em cheio a construção civil. Nos anos anteriores, o setor foi favorecido pelo vertiginoso boom imobiliário, com impulso particular do programa Minha Casa Minha Vida. Pois bem: com a desaceleração no setor, 624 serventes de obras – o popular ajudante de pedreiro – perderam os empregos nos primeiros quatro meses do ano. Os próprios pedreiros também foram afetados: perderam 471 postos. Esse