Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens de janeiro, 2017

O pior mês da história do mercado de trabalho em Feira

Dezembro foi o pior mês da história do mercado de trabalho na Feira de Santana. Em trinta dias, evaporaram precisos 1.031 postos formais. O número é oficial, do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). No período, houve 23 dias úteis, descartando os sábados. Logo, o saldo foi negativo em 44,8 empregos diários; considerando as oito horas diárias da jornada de trabalho, houve assustadoras 5,6 demissões líquidas – o saldo entre admissões e demissões – a cada hora de trabalho. Qualitativamente, o mês foi implacável com o trabalhador: o desemprego se irradiou pelos mais diversos setores, alvejando um leque amplo de funções. Mas os mais prejudicados foram os serventes de obra (-115 postos) e os pedreiros (-82 empregos), mostrando que a crise devora, voraz, as oportunidades na outrora festejada construção civil. Mas outros segmentos também foram afetados: 73 operadores de telemarketing perderam suas ocupações; e o comércio varejista – que naquele mês costuma contratar – registrou saldo ne

Prefeito Graciliano Ramos é referência para os dias atuais (II)

O primeiro relatório encaminhado por Graciliano Ramos, prestando contas de sua atuação à frente da prefeitura de Palmeira dos Índios, repercutiu junto à imprensa alagoana e, até mesmo, no Rio de Janeiro. Mais que o desempenho satisfatório das atividades, foi o estilo pessoal e o conteúdo altamente literário que despertaram as atenções da imprensa. Em 1929 o futuro autor de “São Bernardo” repetiu o feito, encaminhando novo relatório com o mesmo estilo. Naquela época o literato desabrochava: desde 1925 ele se dedicava à elaboração de um romance que só foi concluído oito anos depois: “Caetés”. Anos antes, em 1921, quando era um pacato comerciante à frente da loja “Sincera”, Graciliano Ramos aventurara-se publicando, sob pseudônimo, uma série de artigos num semanário de Palmeira dos Índios, o “Índio”. Na prefeitura, durante 1928, Graciliano Ramos manteve a luta para extinguir benefícios injustificáveis, o que resultou em expressiva elevação da arrecadação, conforme ele mesmo apont

Prefeito Graciliano Ramos é referência para os dias atuais (I)

Em 2017 milhares de prefeitos assumiram o cargo para mandato de quatro anos. Nesse momento de crise – política, econômica e ética – muitos deveriam se inspirar num dos mais célebres prefeitos brasileiros: Graciliano Ramos, posteriormente consagrado como autor de “Vidas Secas”, clássico da literatura brasileira. Eleito em 1927, permaneceu na prefeitura de Palmeira dos Índios por dois anos. Posteriormente, assumiu a Imprensa Oficial de Alagoas e foi diretor da Instrução Pública do estado, antes de se consagrar como um dos mais importantes escritores brasileiros. A eleição de Graciliano Ramos foi cercada de fatos pitorescos. Sua indicação partiu do deputado federal Álvaro Paes e dos irmãos Francisco e Otávio Cavalcanti, líderes políticos locais. Inicialmente, Graciliano resistiu à indicação, só cedendo quando os adversários começaram a espalhar o boato que ele estava com medo de concorrer. É o que relata Dênis de Moraes na biografia do escritor. Após inúmeras tratativas, o pleito

Valor do Bolsa Família cai 56% em quatro anos em Feira

Em dezembro, o valor repassado pelo Governo Federal aos beneficiários do programa Bolsa Família na Feira de Santana alcançou R$ 4,088 milhões. É o valor mais baixo desde agosto de 2009, quando os feirenses contemplados pelo programa receberam, no total, R$ 3,949 milhões. Corrigido, esse valor de então alcançaria R$ 6,3 milhões em dezembro passado. Os números são oficiais, divulgados no balanço mensal do programa Brasil sem Miséria, no site do antigo Ministério do Desenvolvimento Social. O número de beneficiários do programa no município também segue em queda: no mês passado, eram apenas 34.045 famílias atendidas. Em dezembro do ano anterior – já em plena crise econômica – o número alcançava 41,3 mil famílias. Isso significa sete mil famílias a menos – ou quase 30 mil pessoas – público superior à população de centenas de municípios baianos. Em março de 2013 os repasses alcançaram o auge: R$ 7,080 milhões. Em valores atuais, esse montante representa R$ 9,1 milhões. Em outras palavra

Tarifas de ônibus sobem mais que a inflação

O feirense vai atravessar o janeiro escaldante precisando desembolsar bem mais para utilizar o serviço de transporte público no município. A partir dessa quarta-feira (18) os valores passam a R$ 3,65 (para quem paga em dinheiro) e R$ 3,32 (para quem utiliza o cartão Via Feira). O reajuste está bem acima da inflação anual apurada pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), de 6,29% ao longo dos 12 meses do ano passado. Quem paga em dinheiro se deu mais mal ainda: o valor era de R$ 3,30 e saltou para R$ 3,65, conforme mencionado. Nada menos que 10,6% de aumento. O pior é que, em outubro, já tinha havido reajuste: passou de R$ 3,10 para R$ 3,30 (ou 17,74% de majoração em apenas três meses). Os que utilizam o cartão também foram penalizados, com o aumento de 7,09%, de R$ 3,10 para R$ 3,32. O trabalhador feirense ganha pouco: dados de 2010 do IBGE, corrigidos pelo IPCA, indicam que a renda média de quem está no mercado formal é de R$ 1.440; já os informais recebem bem menos: apen

Escassez de chuvas castiga Brasil Setentrional

As trovoadas seguem escassas no Brasil Setentrional, particularmente na porção semiárida, que amarga o quinto ano de seca, conforme afirmam os meteorologistas. As estimativas também não são lá muito otimistas: prevê-se que, em 2017, as chuvas não serão muito intensas, apesar do ciclo do El Niño ter findado ano passado. Estudos apontam que o fenômeno é o mais agudo em um século, superando estiagens severas, como a que se estendeu de 1979 até 1983. A seca – que comprime a renda do setor agropecuário, afetando, sobretudo, os pequenos produtores – soma-se à voraz crise econômica, potencializando os efeitos nocivos sobre a frágil economia da região. Os prejuízos acumulados com os rebanhos dizimados e a constante perda das safras somam bilhões de reais. As esperanças vão se manter vivas pelo menos até 19 março, data consagrada a São José. Na sabedoria popular, esse dia é determinante para que o inverno chegue – chuvas intensas ou trovoadas –, permitindo uma boa safra. Pouco depois disso

PEC do Teto de Gastos pode desafogar cadeias?

No final do segundo mandato, em 2001, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso tomou uma decisão histórica: assinou um decreto que determinava o fim dos manicômios no Brasil. A medida convergia com o esforço de décadas dos que advogavam pelo fim daquelas instituições que se pareciam com “depósitos de seres humanos”, de tão degradantes. Com a medida, a internação compulsória foi substituída pelo acompanhamento médico, com a possibilidade dos pacientes ficarem em casa. As famílias que acolhessem seus pacientes passaram a ter direito a um salário-mínimo mensal. Para além da dimensão humanitária, o Ministério da Fazenda espichava o olho para o aspecto financeiro: essa medida custava menos que manter pacientes reclusos em condições subumanas. Houve quem protestasse, prevendo multidões de loucos violentos pelas ruas. Não foi o que aconteceu. A atual crise no sistema carcerário pode levar à adoção de medidas semelhantes. Cerca de 40% dos presos nos cárceres brasileiros são provisórios,

Crise extinguiu 12,4 mil postos de trabalho até novembro

Os números ainda não são definitivos porque os dados referentes ao mês de dezembro ainda não foram divulgados. Mas, mesmo assim, as informações disponíveis são contundentes em relação à extensão da tragédia do desemprego na Feira de Santana. Entre janeiro e novembro de 2015, exatos 4.971 postos de trabalho formais deixaram de existir no município, segundo dados do Ministério do Trabalho e Emprego, o MTE. Esse número representa o saldo entre contratações e demissões. O preocupante é que, a partir de junho, o desemprego se acelerou: 2.838 postos deixaram de existir entre esse mês e novembro. Nos cinco primeiros meses do ano o ritmo foi menos intenso: desapareceram, no saldo, 2.133 empregos formais. Isso sinaliza que, apesar dos discursos otimistas, a crise voraz segue fazendo imensos estragos. É necessário ressaltar que, em 2015, o enxugamento no mercado de trabalho feirense foi maior: nos 12 meses do ano, o saldo foi negativo em 6.595 postos. Só que no ano anterior também houve ret

Violência cresce no alvorecer de 2017

Os brasileiros começaram 2017 estarrecidos com dois bestiais episódios de violência que afastaram do noticiário até mesmo a longa crise econômica. O primeiro foi em Campinas, no interior de São Paulo: um elemento matou o filho, a ex-mulher e mais 10 pessoas – a maioria mulheres – e depois se suicidou; em Manaus, uma guerra entre facções resultou em 56 mortes dentro de uma unidade penal e na fuga de centenas de presos. Pela escala, ainda representam exceções, mas ajustam-se ao contexto das violências crescentes no País e à banalização dos assassinatos. Feira de Santana também detém uma barbárie doméstica para ostentar: ontem, no bairro Mangabeira, supostamente movido por ciúmes, um homem incendiou a própria residência. Nela, morreram cinco pessoas, inclusive crianças. Duas pessoas – uma delas criança – escaparam e foram hospitalizadas. Ou seja: na cidade, o ano começa com uma terrível chacina. Também nessa semana, foi divulgado o balanço dos homicídios ao longo de 2016. O saldo é a