Estamos
ainda nos estertores de julho, de frio constante e densos nevoeiros, mas a
campanha eleitoral de 2018 começa a ganhar espaço no noticiário. A rigor, ainda
é muito cedo: sob condições normais, somente no último trimestre as discussões
se intensificam, para ganhar espaço crescente ao longo do ano eleitoral. O
desastre no qual o País mergulhou – isso, ironicamente, ainda em 2014, logo
após as eleições daquele ano – com entrelaçadas crises econômica e política,
arrastando-se infindáveis, precipitam o anseio por novas eleições que podem
começar a pacificar o Brasil.
Lula,
já condenado em primeira instância, pretende se lançar numa frenética caravana
nos próximos dias, mobilizando os sertões do Nordeste. Faz isso para se
contrapor à condenação, mostrar-se vivo politicamente e solidificar a aposta de
que reúne as credenciais necessárias para apaziguar os espíritos. Dado o
cenário atual, ninguém sabe se Lula representa solução ou ingrediente adicional
para estender a crise a partir de 2019.
Em
pesquisas recentes, quem hoje pisa nos calcanhares do petista, ameaçando-o na
preferência eleitoral, é o deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ).
Notabilizado pelo elogio frequente à ditadura militar e por declarações
polêmicas contra mulheres, negros, homossexuais e militantes de esquerda, o
militar reformado reúne todas as credenciais para seguir perpetuando a crise
política, caso vença as eleições. São preocupantes os arroubos autoritários dos
seus simpatizantes.
Sendo
assim, o que resta? Marina Silva voltou a se insinuar como opção. Em 2014, sua
dubiedade acabou a prejudicou: emitia opiniões contraditórias que lançavam
dúvidas sobre suas reais posições. Muita gente recuou insatisfeita com a
postura vacilante. Mesmo assim, amealhou um respeitável cabedal de votos.
Ciro
Gomes, quando jovem, parecia predestinado à Presidência da República. O
destempero frequente, assim como a inconstância partidária, desgastaram-no.
Tenta se colocar como alternativa ao petismo, atraindo o eleitorado mais à
esquerda. Mas, vira e mexe se insinua como plano B, caso Lula não se viabilize
em função dos problemas com a Justiça.
O
PSDB – que parecia sucessor natural do petismo até 2014 – alimenta uma
frenética batalha interna. Aécio Neves (MG), que quase vence em 2014, chafurda
em denúncias de corrupção; José Serra (SP) e Geraldo Alckmin (SP), também
figuram em denúncias como supostos beneficiários de propinas; o performático
prefeito de São Paulo, João Dória, correndo por fora, tenta aplicar uma
rasteira na trinca e viabilizar-se como candidato. É difícil prever o que sai
dessa barafunda.
Inclusive
ninguém sabe quem vai passar a faixa presidencial, já que Michel Temer
(PMDB-SP), ocupando transitoriamente o posto, baqueia alvejado por múltiplas
denúncias de corrupção. Apesar de todas as manobras, pode não resistir à
pressão, sendo sucedido por Rodrigo Maia – o “Botafogo” das planilhas da
Odebrecht – e que, lá adiante, também pode ser atropelado.
É triste a situação do
Brasil. E, ao contrário do que alguns desavisados podem pensar, não existe
solução à vista.
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