Apenas
65 quilômetros separam Feira de Santana de Serrinha através da BR 116 Norte. O
intercâmbio entre as duas cidades é intenso: muita gente sai daquela cidade
para fazer compras e acessar serviços por aqui, em função dos preços mais em
conta; outros buscam atendimento especializado na área de saúde; há aqueles que
residem numa cidade e trabalham na outra, robustecendo o fluxo entre as duas
localidades; estudantes de Serrinha são alunos da Uefs e de outras instituições
de ensino superior feirenses; e não falta quem resida na Feira de Santana, mas
frequente o campus da Uneb lá em Serrinha, como estudante.
A
rodovia, que corta a vegetação agreste que se descortina em direção ao norte, foi
construída décadas atrás, servindo para interligar o Nordeste às demais regiões
do país. Nasceu da proposta de integração regional, com o objetivo de
viabilizar a circulação de mercadorias, pessoas e dinamizar a economia
brasileira. À época, carros de passeio eram raros: os caminhões constituíam os
veículos mais frequentes.
Hoje
tudo mudou. As cidades evoluíram, a população se adensou, as necessidades se
diversificaram e a relativa prosperidade multiplicou de maneira vertiginosa a
quantidade de veículos. A BR 116 Norte se tornou, dessa forma, quase uma via
urbana, com movimento intenso e constantes engarrafamentos no início da manhã
ou nos finais de tarde. Percorrê-la exige paciência dos motoristas, que
desperdiçam preciosos minutos para vencer trechos curtos.
Na
Feira de Santana os problemas começam assim que o viajante entra na avenida
Transnordestina, trecho urbano da BR 116. A via, margeada por bairros
populosos, pontuada por oficinas mecânicas e lojas de autopeças é caracterizada
pelo trânsito caótico. Apesar da passarela na Cidade Nova e dos semáforos,
reina o caos e, nos fins de tarde, avolumam-se os pontos de retenção. Indisciplinados,
pedestres, ciclistas e motociclistas contribuem para tornar a circulação por
ali ainda mais arriscada.
Distritos
O
cenário urbano só vai se diluindo depois da Uefs e do bairro Novo Horizonte.
Mas o trânsito permanece intenso, já que comunidades importantes da Feira de
Santana se conectam à sede do município pela BR 116: os distritos Maria
Quitéria, Matinha e Tiquaruçu e uma infinidade de comunidades rurais. Toda
manhã o ir e vir é intenso por ali. Só depois do entroncamento que liga ao
município de Tanquinho – muitos quilômetros adiante – é que os
congestionamentos se diluem. Até lá, o sacrifício imposto aos viajantes é imenso.
A
demanda pela duplicação da rodovia é antiga: governantes entram e saem, aqui e
lá em Brasília, prometendo “gestões” e “esforços” para viabilizar a ansiada
duplicação. Mas, como se vê, apesar de toda a retórica, sequer se sabe da
existência de um projeto, quiçá de estudos mais aprofundados. Nem nos tempos de
bonança econômica – cujas lembranças já vão se diluindo com o passar dos anos –
a iniciativa ganhou fôlego.
Meses
atrás, no início do ano, Michel Temer (PMDB-SP), o mandatário de Tietê, saiu
com a promessa de duplicação da sinuosa e arriscada BR 101, no trecho até o
município de Alagoinhas. Sobre a BR 116 Norte, foi anunciado o “interesse” em
avaliar a obra. Essas promessas foram feitas ao prefeito José Ronaldo de
Carvalho (DEM), e ao vice, Colbert Martins (PMDB), numa audiência em Brasília.
Com
relação à obra da BR 101, a promessa foi de início quase instantâneo, com a
assinatura da ordem de serviço prometida para fevereiro passado. Sobre a BR 116
Norte, não se passou da referência ao “interesse”. É claro que não vai passar
disso: sem legitimidade, sem projeto e com rombos abissais nas contas públicas,
Michel Temer não deve ir muito além da cartorial e burocrática declaração de
“interesse”. A própria obra na BR 101 – igualmente fundamental para a região –
também não anima.
É provável, portanto, que
os engarrafamentos sigam, intermináveis, nos próximos anos, com o acúmulo de
prejuízos materiais – tempo, combustível, desgaste nos veículos – e humanos, já
que acidentes costumam ser corriqueiros, com registros de mortos e feridos.
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